A minha silveira
1
Nom pasedes pola fouce
minha fermosa silveira,
nim lhe deades um couce
ao agarimo da sobreira.
2
Mantenza de paxarinhos
que com tino se lhe pousam,
engurrunha os seus espichos
pra que aninhar nela poidam.
3
Do meu caminho alegria,
um vergel das abelhinhas,
quando vem a primavera,
ela churindo rebenta.
4
Nom matedes as suas cores,
verde, roja e negra froita
brancas e fértiles flores,
polo setembro colheita.
5
Nom trepedes a silveira,
defende-se de calquera
que loitar com ela queira,
agardunha coma fera.
6
Se matades minhas silvas
matades-me a mim a vida
gardai a fouce pra sega
nom seguedes a silveira.
7
Se eu uma chiba tivera,
daria-lhe os seus retonos
e as suas crezenzas daria
e assim limpar os caminhos.
8
Se me chimpades as silvas
nom virám as bolboretas,
nom virám as primaveras
ata o caminho das veigas.
9
Enfermará a sobreira
coa gelada do inverno,
e nom terám abelotas
as rolinhas pra o seu ninho.
10
Nim lhes medraram ovinhos
e morreram de tristuras,
sem lhes nascerem pitinhos
ò quedarem sem amoras.
11
Nom lhe pasedes a fouce
à fermosa silveirinha,
sabendo que nom dá flores,
coma um neno berraria.
12
Sabendo nom daria froitos,
quando no tempo do outono,
eu ò meu amor lhe levo
as amoras num queipinho.
13
Nom me chimpedes as silvas
que hei de fazer marmelada
coas morinhas da silveira,
que eu herdei de Rosalia.
14
E gardarei-na num cristal,
num recuncho da adega,
e ò meu bem regalar-lhe-a
quando chegue o dia de Nadal.
15
Tamem lhe darei òs nenos
com pam milho no dia de reis,
para que nom pasem frio
entranto jogam nas airas.
16
Nom pasedes a silveira
por uma fouce afiada,
deixai-lhe a primavera,
pois ela é minha vida.
17
Eu quero seguir vivindo,
pois de pena morreria,
se nom a vira churindo
no pé da minha sobreira.
***
Moradelha editora
Ningún comentario:
Publicar un comentario