Manoel
1
Choravam os teus beiços
umas bágoas vermelhas.
Quem fora Manoel Curros
para poder ama-las.
2
Cos seus versos sorve-las,
num amor imposível,
como augas que saloucam,
por ideal incrível.
3
Para cativas morrer
nas minhas mans desertas,
contemplando a lagoa
de Manoel Bueno mártir.
4
Uma doce morada
para as augas salgadas,
que nom poidera bicar
uma alma namorada.
5
Hoje é um de janeiro
do nosso ano de Gloria,
é o dia primeiro
dum porvir de esperança.
6
Destino inexorável,
é o que eu sonho será.
No teu pelo um caravel,
cheirando-o eu a manhá.
7
Pois volvendo ao sendeiro,
que me leva direito,
numha vida trazada
polo lápis mágico.
8
Que apuntando ao caminho,
que me leva sem perda,
que sem presa vou indo,
que me leva sem pausa.
9
Pra fundir-me em teu peito
e sem presa nim pausa
devorar teu alento,
habitar minha musa.
10
Entom tua man hei colher,
que me fura por dentro
e sentir a tua voce,
pra morrer de contento.
11
Hei os teus olhos mirar,
dous luzeiros ardendo.
A tua alma, apertar,
beber-me o Universo.
12
Eu pola tua man, Manoel,
escreveria uns versos,
que seriam eternos,
que saberiam ò mel.
🌟
Moradelha editora
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