28/10/22

Pregom 109 : Memória

 

Memória


O pensamento que nasce num sonho
e que da memória desaparece,
até que algumha cousa que acontece,
recorda o pensamento mailo sonho.

A tenrura que nasce na nossa alma
pola contemplaçom duma beleza
e que inesperada a nós se aparece,
gravando-se-nos no miolo.

Namentres que no Mundo amence
e teu coraçom nom fenece,
as tuas alegrias sempre medram
e tés o sorriso constante.

Nossos recordos imos ir tecendo,
alimentado com eles os sonhos,
e tapando as penas co pelo cano
desfazemos ataduras das mágoas.

Que nom me quede nunca sem memória,
de súpeto sem história, ser ninguém
e nom ter cousa algumha para contar.
Que nom me esqueçam as auroras.

🌟



Moradelha editora




19/10/22

Pregom 108 : Siléncio e verdade

 

Siléncio e verdade


Somente é obrigatório
dizer a verdade,
quando se fala.

Temos direito 
a nom dizer verdade,
estar calado.

Mas entom o siléncio
oculta a verdade,
queda esquecida.

O siléncio
é um caixom
de verdade escondida
no fondo da gorja,
pechado com alentos
e suspiros.

A verdade
brilha nos beiços,
relumbra nos olhos,
acaroa coas mans
e tem colorido,
flutua no ar.

A verdade tem
sempre problemas :
Falam os olhos,
a mirada fala,
as mans falam
e o corpo está cheio
de linguagens,
de mensagens;
todo o corpo fala.

A verdade sabe ler
na luz e na escuridade.
O que brilha demais,
apaga-o.
O que tem muita negrura,
acende-o.

O siléncio fala
é fala forte,
ressoa por onde passa
quando a cousa vai quente.

O siléncio e um trono
na tormenta
quando esconde mentiras.
É um raio
no médio duma traiçom.

O siléncio é a Nada
que todo o destapa,
é anterior ao Big Bang,
anterior ò Verbo.
O siléncio é o Tao,
a Nai do Mundo.

Penso em vós
gardando siléncio
pra nom perder detalhe
do que flue,
do que arde,
do que fai tremer 
à minha alma.

Penso em vós 
cum amor de verdade,
silencioso,
com muito medo
que meu corpo estrale.

Tenho medo
em romper o siléncio,
medo de que estoupe
o Mundo
por minha causa,
com tanto querer.
Penso que 
ao ver-vos
hei de morrer.

🌟



Moradelha editora




15/10/22

Pregom 107 : Verdes recordos

 

Verdes recordos,
esperanças


1
Amores verdes de loureiro,
de impossível verde desamor,
dum verde demasiado forte.

2
Dos prados verdes em repouso
entras montanhas regaladas.
Portas verdes nos corredores.

3
Fiestras verdes da juventude,
de aires renovados, alegres,
de muitas fermosas histórias.

4
Recordos verdes limonados,
verde limom, limom de estrela,
a lima dum Sol hiperbóreo.

5
Amores de verdes boreais
com mensagens do Sol e do além,
contidos nos raios solares.

6
Sedutora luz das estrelas,
luz que todo amor alumea,
a verde luz da Nai do Mundo.

7
Deusa das nossas terras verdes,
dos verdes castros, nossa Deusa,
a vida da verde Brigantia.

8
Memória de verde saudade,
de oculta morrinha calada,
de ledícia, tenro recordo.

9
Sonhos de fumes dissolvidos
em enigmáticas brétemas,
co fumegar da erva de campo.

10
Verde duma viva esperança,
envolvida na verde paixom
dos azivros de primavera.

11
Pendentes de verde esmeralda,
de ágatas com augas verdes
e de transparentes ilusons.

12
O verdor da frescura verde.
Sonhos de verde luminoso,
dos eidos verdes remolhados.

13
Verde verdadeiro, de paixom,
de amores i esperança eternos,
baixo as estrelas, juramentos.

14
Amor de verdes impossíveis,
sonhos dum excessivo verde
em tempos de fogosas rosas.

15
Tempo de utópica vontade,
de doces e verdes recordos,
o tempo da verde esperança.

🌟



Moradelha editora