15/09/22

Pregom 106 : Cabeçal

 

Cabeçal


Se vés que estou dormente,
colhes a minha chave
da caixa de Pandora
em baixo do cabeçal.

No seu fondo atoparás
uma boneca verde,
que chama-se Esperança;
aperta-la bem forte.

Entom durme ti tamém;
quando estejas durmindo,
pergunta-lhe a Morfeu
se podes vir onda mim.

El diráche quem som eu
e onde me atoparás.
Assim será como nós
viviremos no Olimpo.

🌟



Moradelha editora




04/09/22

Pregom 104 : Cores da auga

 

Cores da auga


Numa lagoa verde
hai trés cisnes brancos
e um cisne negro.

E num rio geado,
um patinho pardo
que patina e corre.

Prateados salgueiros
erguem as suas ponlas
ondas augas claras
do nosso ribeiro,
que correm,
que descansan,
que remansam.

Rios e fontanas
e fontes a mares,
lagos e lagoas,
choivas polos regos
e regatos.

Arroios nos vales,
terra regantia
de poços e poças,
arroiadas,
nascementos.

Granizo e saraiva,
geos e geadas,
brétemas do amencer,
branca neve.

Fervenzas de escuma
repenicam doces
nas pedras dos muinhos,
sua música.

Grises nevoeiras,
nevoas que fumegam,
nuve negra,
auga mera.

Bágoas de meninho,
bagos com rocio,
arcos da velha
entros milhos.

Trés quartos da Terra
enchidos por bágoas,
de mim bágoas,
sal e augas.

Amores e paixom,
charco e charca,
poço e poça,
moço e moça,
gota ou pinga.

Escarchas e geos,
brilhos de folerpas,
mananciales,
orvalhadas.

Augas milagreiras,
de xofre marelas,
ferrosas de rubi
ou lameiras.

Augas entupidas,
florcinhas de junco
nadam na marisma,
nas junqueiras.

Rio e tributário
caminho do golfo
da cor esperança,
sua baía.

Um pai e seu filho
vam caminho do mar,
descanso turquesa,
na oceania.

🌟



Moradelha editora