25/04/20

Bardo IV : Eladio Monea


Eladio Monea
Bardo da cadea


1
Paracuellos del Jarama,
desgrazada e histórica.
A guerra civil colheu-no
com catorze aninhos alá.

2
Rapacinho de olhos azuis,
e afundidos, coma seu pai,
celestes coma as hortensas,
a cor das frores celestiais.

3
Fazedeiro e pacífico,
ainda que se cumpria,
quem se pugera diante,
calcava uma labazada.

4
Defensor dos seus queridos.
-Se estivera eiqui Eladio !,
dizia seu irmao Dario,
quando tinha algum tropezo.

5
Xosé, o seu irmao maior,
o maioral das quadrilhas,
levava-o de vrao a Castela
cos irmaos e outros da aldea.

6
Com algo mais de vinte anos,
um na cadea votouche,
seica por encobrir outros,
so, no cárcere de Ourense.

7
Aquel ano tam maldito,
esse tempo entre as reixas,
deixara-o espotreado
para o resto da sua vida.

8
As condicions inhumanas
do cárcere da cidade
de augas quentinhas das Burgas,
o seu coraçom gearem.

9
Malditos carcereiros,
sem ser eu, quem mal lhes queira,
seguro tenhem pagado
aquel mal que lhe fizeram.

10
A sua bondade meirande,
fixo-o que dera esse paso,
pois sendo um rapaz mais novo,
a pena seria menor.

11
Argimiro, de Argentina,
erguía o index da direita,
- Eladio Monea é assim !,
sempre sério el dizia.

12
So me rifara duas veces :
por maltratar uma nena
e por ser ladrom de vinho,
quando eu dez anos teria.

13
Ningumha das duas houvo.
Uma, queixa dumha inveja,
outra um roubo que nom fora,
fora uma embelenhada.

14
Nim vinho que eu roubara
nim meninha maltratada.
Non falamos ja mais delo,
tácitamente aceitavam,

15
que ja el me perdoara,
se havia causa de perdom.
El nom soportava os roubos
nim o de bater-lhe òs nenos.

16
- Hai um espelho na casa,
dixo umha vez òs pequenos,
e referindo-se a mim,
com um carinho ascondido.

17
Um amador das cantigas :
- Cantade polos caminhos,
quando saíam pra algures
dizia-lhe òs seus filhos.

18
Moi amante da poesia
e tamém dos doces vinhos,
um leitor de Rosalía
e do seu querido Curros,

19
com uma incrível memória,
tinha òs dous sempre no bico
em todas as festas que ía,
ía cantando as suas cancions.

20
Vendo morrer a tres filhos,
ver como ían por diante del.
Tantas penas e tanta dor,
ningum coraçom resiste.

21
Sementou um jardim de frores,
a metade delas mirrou,
a outra metade somos nós,
vivindo para contar-vos.

22
Sabendo que ja morria,
bem sabido, um bo home :
- imo-nos do val, dizia,
sua meirande santidade.

23
Agora vai seu coraçom,
de viageiro num cometa,
a cavalinho dum dragom,
pola eternidade toda.




Eladio Monea, marchou no cometa Hale-Boop o
23 de Abril de 1997  






Moradelha editora




Bardo V : Luis de Olimpia


Luis de Olimpia
Bardo de Santomé


Sabes amigo Lois,
que se vas escrivindo
vas sacando a pasear
um mundo do interior !.

Um mundo de dentro teu,
que berra se nom sae.
Saem uns sentimentos
de paseo pola tua pel,

que coronam por sair.
Num paseo atopando
as muitas alegrias
e muito alouminho,

nas tuas próprias verbas,
cheias coa tua ánima,
que vam-te sorprendendo,
enchem-te de ledicia.

Sensacions que ti nunca
podias imaginar.
Um mundo de ilusions
que el soio é capaz

de vencer as desgrazas,
por moi grandes que sejam.
Capaces de derrotar
as penas mais profundas.

Capaces de apagar
a qualquer lume entom,
e capaces de acender
lumes de gran paixom.

Capaces de atopar
amores verdadeiros.
E entom bicas a vida,
sacas de paseo os beizos.

Noreas coa amizade.
Sonhas, lés e escreves.
Escreve muito, Luis,
escreve muito, amigo

Escreve, escritor !


A Luis de Olimpia






Moradelha editora